Archive for novembro 2009

Ninguém Vê

Sou os brinquedos que brinquei, as gírias que usei, os segredos que guardei, aquele amor atordoado que vivi, sou o que lembro. Sou a saudade que sinto do tempo em que tinha uma mãe só pra mim, a infância que recordo, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, a emoção de um trecho de livro, a cena da rua que me arrancou lágrimas, sou o que choro. Sou o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, os pedaços que junta, sou o orgasmo, a gargalhada, o beijo, sou o que desnudo. Sou a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá. Sou o que ninguém vê.

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