Archive for março 2012

"Coisas são só coisas,
servem só pra tropeçar.
Tem seu brilho no começo,
mas se viro pelo avesso,
são fardo pra carregar."

Se virar-me do avesso
Serei fardo de quem?

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Une fille et trois poètes

Que arte que nada!
Que vida que nada!
Nada de mais por hoje,
letras e litros não, não completam o meu espírito.

A arte debocha do artista franzino,
branco, preto, céu, amarelo, flor
A vida? A vida é demais por hoje
perde-se
 e
   s
     c
       o
         r
           r
             e
escapa
entre
         
        l     e          r      a  
                    t                 s.

E o espírito? Não flui, não escapa.
passa, posto que é dor
Na vida já escassa.

 Mas em que momento
 o poeta está presente
 entre a gente?
Ver o sol se esconder vale a pena?
 Diz Gullar: percebes
o tempo passar, minha pequena?
 E ela nada responde.
Calada continua a observar a lua
que nasce fazendo da noite dia.

 De nada vale o poeta
ausente na ausência da ausência.
O que mata e o que morre.
Esconde-se no véu da Lua do teu Sol
laranja, rosa, amarelo, margarida.
 E a hora passa, não passam das seis.
 Bonita-noite, ferina, morena.
A rima desmente o poeta fingido,
amante, boêmio; uma farsa.

A farsa do beijo da menina em vestes claras.
 Amena, desatenta, menina.

Menina! Eu não sei fazer poesia!
Confundo morena com a Garota de Ipanema,
e nem sempre penso nos suicídios.
Jogo a minha vida fora por um poema.
Entre cervejas, cigarros, Ana Cristina César
e morenas vadias.

Depois por acaso encontro a minha casa.
E mesmo posto a margem eu me saio bem.
Então saboto minha rotina,
e daquele que me nega a vida.
Num assalto a mão armada ou na linha do pipa...

 Eu me desfaço,
fácil dos seus laços
E arquiteto a minha casa
no terreno do acaso.

Construída com bitucas de cigarros
Lembranças de amigos passados
ecos de vidas pregressas.
Esquecemo-nos disso pois
em nome de nossos filhos
ou em nome de nossas falhas.
 Pouco importa o motivo
 as desculpas, as conversas
os risos, as flores, a lua.
Apesar de todos os outros
de todas as auras perdidas.
A vida segue perdida.
Bandida ou não.
A vida, menina.
 Segue

Segue sem sentido e sem sentir
no compasso dos pés
                                 pequenos
                                                teus de menina.


Por Ágda, Anderson e Jacque (em algum momento numa mesa de bar de 2011)

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Vital.idad

Dia 26 de Março: o dia em que Belém do Pará passou a fazer parte das rotas de fuga.
E é engraçado afirmar (afiar o mar) isso. Ao mesmo tempo que dá um alento (tudo muito lento) na alma.
Faz tempo que tenho usado alento em tudo que é canto (pra te encantar). Talvez seja só um "T" esperando ser bem pontuado (ou tatuado) na frente.
Mas o caso é que apaixonei-me por palavras de novo. E como é bom se apaixonar por elas. Juntinhas, fazendo ritmo, significando o que nada foi dito ou ainda sentido. É engraçado, afirmo novamente (isolentemente). Todo esse sorriso bobo que a segunda-feira me deu.
Lembrei que Niterói também me chamou. E eu achando que havia sido esquecida por lá junto aos Liliputianos. Tudo tão poético e insone. Tudo acontecendo ao mesmo tempo, trabalhando em prol das engrenagens de um sorriso ou de uma meia-cova. No fim os dentes ainda aparecem.
Umas vidas a mais pra esconder debaixos dos meus cachos. Umas vidas a mais que em poucas horas (poucos minutos) já estão eternizadas nesse 26 de Março, que pode ser um 11/11/11 também. Eu também quero esconder-te num potinho.
E só os benditos de coração, alma, berço e um gole de cachaça que passaram por esse 11/11/11 ou 26/03/12 sabem seus sábios significados e eu pensaria em outra palavra com "S" só pra essa frase soar soave e pra que tu soltes uma gargalhada, mas eu me contento com um sorriso. Eu sempre me contento. E esse tento fica por marcar a madrugada em que não consegui nos musicar.

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Es muss sein?

O vento arrasta as folhas bem devagar. Bem do jeito que eu queria ver os meus sentimentos levados. Todos eles. Ou só aqueles que sempre ficam ligados a algum canal lacrimal.
E que outro vento trouxesse os donos dos abraços mais aconchegantes que já tive, e os donos dos abraços desajeitados também.

Não era pra ser assim, Beethoven.

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Nêga

Para Larissa M. Kuk



Nêga, não negue
Saudades de mim tu deves ter.
E então, peço que Deus me leve
pra bem perto do teu querer.
Pois só assim essa minh'alma
de negro cativo arranja sossego.
Só assim perto dos teus fartos seios.

Ah, morena!
Meu medo é esquecer teu sorriso
Tua gargalhada rouca
E as minhas noites loucas
onde tu me apresentastes a paz.
Como podes ver
Amanheci pensando em ti.
Lembrando cada pedacinho teu que me foi dado.
E aqui, largado ao acaso
Fico a cutucar o buraco em meu peito
A justa parte que a te pertence
E nada mais preenche.
Ah, minha nêga, não me negue
Que esses versos te cheguem aos ouvidos
e te façam sorrir outra vez.

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