Archive for outubro 2012

Sobre os Gozos


Os gozos são todos iguais na lambida
O que te diferencia dos demais é:
A velocidade da tua língua
Os teus dedos em mim
Todos aqueles sussurros sem fim

As minhas pernas já não me obedecem
E os líquidos escorrem
e parte percorre lábios, 
dentes, língua e
sua laringe enfim.


Poema de Bar III
co-autoria: Sony Ferseck e Suênia Feitosa

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Poema de Bar I


Essa voz rouca louca
Disfônica
Nada informa e nem ecoa
São toques frágeis
Letras ágeis e notas tortas de teor alcoólico
Pobre acólito auditivo.

Essa música misturada com bebida alcoólica
lembram os cabarés mais surbubanos da cidade!

E o tédio surge
Penetra nossos copos
bebemos o tédio
E o tédio nos sustenta.

O que na verdade sustenta 
toda uma vida inteira
Feito farofa de feira
Misturas de ontem, hoje e depois.

Co-autorias: Sony Ferseck, Suênia Feitosa e Juliana Morais

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Eu tenho ódio de quem não bebe


Eu tenho ódio de quem não bebe
A ebriedade cabe a todos
Filhos de Dionísio ou não
O vinho vem trazer o verão

Secar uma garrafa
É um gozo agendado
Eu tenho ódio de quem não goza
No delírio alcoólico da madrugada.


Poema de mesa de bar.
Co-autoria: Suênia Feitosa

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Malditas cervejas que outrora fiquei feliz por bebê-las

- Agora temos duas horas de diferença nos separando.
Lá já passam de uma da manhã, ela com certeza está prestes a dormir. Mas não posso recusar essa conversa. Afinal, eu mesma tinha começado. Gosto de nossas conversas. Gosto do seu riso fácil. Há também seus textos e para minha surpresa: poemas. Era disso que falávamos antes, só não sei como chegamos nesse tópico.  Malditas cervejas que outrora fiquei feliz por bebê-las.
- O que são duas horas de diferença... Imagina, poderia ser um oceano.
Ela mal sabe, mas eu tenho pavor de oceano. Nunca estive em um, mas oceanos tem me separado de alguns amigos. Uns voltaram e acertamos nossos passos, outros decidiram ficar no velho mundo.
- Um oceano é terrível! Aumenta a diferença para seis, sete, oito horas!
Você, a calmaria nessa madrugada, soube amenizar a distância. Afinal, pra quê pensar nela se há tantos meios de estar perto? E nossas palavras, nossas prosas e agora piadas, fazem todo o trabalho. Juntam todo esse laço que de tão embolado em versos, músicas, desenhos, insônias, cervejas, batatas é difícil de separar. De nos separar. Malditas cervejas que outrora fiquei feliz por bebê-las. Estou tão bêbada que me sinto corar, mas você leva na graça, faz pirraça e tentar se aproveitar. Eu leio teus poemas, me enrolo nas rimas e no dadaísmo que neles há. Elogio e ainda assim não acho que tenha feito elogios diferentes pra te incentivar.
- Esse lado poeta que tanto escondes
Mostra mais do que tuas prosas
Esses versos ora mirabolantes
São silhuetas escaldantes de um ritmo enebriante.
Você não sabe como foi difícil escrever silhueta. E essa rima foi mais pobre que minha conta bancária.
- Eu gosto do jeito que você escreve.
- Estamos empatadas, pois.
E quantos anos vamos levando nas costas essa amizade que coube de engatar direito só agora? Pensando bem, antes tarde do que nunca. Gosto de dizer que estás segura debaixo do meu sovaco e sei bem que me entendes junto com um sorriso de canto.
- Vou ler os outros poemas, não fuja.
- Estarei aqui.
Já não faço ideia de que horas seja. Meu corpo estava esgotado, mas queria continuar ali, conversando contigo. Havia um peso enorme fechando meus olhos. Teimei por um bom bocado de tempo, você raramente conversava comigo pelas madrugadas. Não, na verdade era eu que nunca tirava um tempo pra conversar com você nas madrugadas. Malditas cervejas que outrora fiquei feliz por bebê-las. Apenas um olho aberto. Eu estava ficando velha. Algumas cervejinhas e já estava cochilando. Rendi-me, então.


Tem outra versão aqui, no Cereja do Topo, por Lorena Gonzalez

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Sem título

"- Quando você tiver sua casa, seja cuidadosa, objetiva, dedicada..."
Acho que não quero mais casa, vó. Só consigo pensar nos gastos. Tudo são gastos. Até morrer custa caro. Sair de casa já parece muito bom. Sair de tudo parece o suficiente. Afinal, é tudo tão efêmero. Passa tão rápido quanto um piscar de olhos.

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Dolce far niente

- Você viu o que andam comentando, não é?
- Não tenho culpa. Ando sem tempo. Você sabe... A universidade, a escola, o escritório. Agora tenho um cachorro pra cuidar também. Um não, três.
- Você é especialista no dolce far niente, não me venha com desculpas.
- Até tu, Brutus?
-São apenas os fatos. Você se empolgou com essa vida boêmia, com esses trocados e cigarros mirrados sob o sol de setembro. Não adianta negar. Pode até haver universidade, escola, escritório e seus cachorros. Mas ainda assim você tem tempo pro café, pro cigarro, pra cerveja, pra um filme, pra ler Vila-Matas, pra discutir Teorias Literárias, pra conversar seja com quem for. Mas parar pra pensar como fazia antes, dedicar um tempinho a mim... Isso você nunca mais fez. Do que está fugindo agora?
- É isso que parece? Que eu vivo fugindo?
- É você quem diz.
- É você quem lê.
- Não adianta querer encerrar o assunto. Você não tem aula hoje e o Latim está bem adiantado. Aliás, parabéns. Seu cérebro parece uma sopa de letrinhas, onde elas se juntam e formam palavras como Scurra. Ou frases como Agda scurrae est.
- Você tá pegando pesado agora. E eu nem posso prometer nada...
- Porque você nunca cumpre promessas e é impulsiva e etc etc etc. Eu sei, eu sei. Não entendeu ainda o que quero?
- Entendi. Só não sei se quero escrever. Esse assunto tá por demais desgastado. Não pode ser resenha de livros?
- Claro que não, você tem outros blogs pra isso.
- Então é Escrever ou Morte?
- Exatamente.
- Vou pensar.
- E escrever.
- Isso. Vou pensar e escrever.
- Eu sabia que você cederia. Você sempre cede. Por que não discutiu e defendeu seus direitos de viver como quiser? Que tipo de jovem é você?
- Não sou jovem. Sou um E.T, fugi da área 51 quando a Guerra Fria acontecia. Eu gostava mais dos russos,  mas o navio pirata que peguei levou ao pé da letra quando falei que queria ter uma "Boa Vista" pra mim. Acabei parando aqui, sem lenço e sem...
- Documento, eu sei. Não cante essa música. Aliás, você deixou a Sony esperando na universidade. É melhor ir, você sabe que ela fica irritad- Hey! Hey! Você esqueceu seu bloco de notas! Droga. Ela vai me enrolar de novo.

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