Oi, fui pro Medium!

Isso mesmo!

Continuo escrevendo mas dessa vez aqui no https://medium.com/@agdala

O blog aqui vai ficar no ar enquanto o blogger quiser. Mas a autora aqui resolveu ganhar mais espaço. Então me acompanha e me compartilha por aí!

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Besitos!

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Sete Mil Vezes [1981]


Vai ver a explicação de todos aqueles nossos discos e livros misturados signifique a tentativa da vida ou destino, caso queira assim chamar, de nos manter nesse total compartilhamento inexplicável que o ser humano gosta de chamar de amor. Duas cervejas se foram para que todo esse pensamento pudesse sair em linha. Um pouco mais organizado do que os meus dias sem você.

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Sol Negro [1965]


A gente já se abraçou muitas vezes, fumou cigarro juntas, dividimos comida, você dividiu seu teto comigo e mais alguns abraços tortos porque naquele tempo a gente nem sabia se amar. Os anos vão passando e nós duas vamos crescendo, absorvendo e sendo absorvidas. Caminhando contra o vento e por caminhos diferentes, sem saber ao certo onde vai dar. A única garantia é que em alguma curva a gente se encontra e a conversa flui sem qualquer amargura.
Mês passado eu estava escrevendo sobre os 50 anos de carreira da Gal, não sei se tu lestes. Bom, buscando fotos no acervo da Gal, achei essa dela com Bethânia. É lindo ver essas duas. Toda uma vida, toda uma amizade. Cheia de encontros e desencontros, como elas mesmas dizem. Vi essa foto e percebi que nós duas não temos uma foto juntas. Mas não fiquei triste. Só bateu mais saudade. Um dia a gente registra.
A letra de Sol Negro é simples e pesada. Foi a primeira música que Bethânia e Gal gravaram juntas. Escolhi mais pela união da voz dessas duas que nós amamos. Podia colocar mais coisas que temos em comum aqui. De Chico Buarque a Clarice Lispector. Ou lembrar das suas almofadas de cones, das ligações que duravam horas até o sinal cair, de quando nos vimos pela primeira vez ao lado de uma estação de trem que se falasse teria muitas histórias pra contar.
Escrevo aqui sendo muito egoísta. Onde meu maior desejo é estar contigo, beber uma cerveja gelada e te declamar poemas como presente de aniversário. Fico devendo, mais uma vez. E em termos de despedida te peço que não esqueças, minha irmã, do carinho grande que tenho e que sempre te desejo saúde, luz, felicidade. E axé, minha nêga. Muito axé.

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Leve [1996]


Não lembro muito bem como cheguei a esse assunto mas quando falam que hoje é último dia de minha vida eu simplesmente vivo. Sem exageros ou paranoias. Em parte por não acreditar, em parte por ficar totalmente sem uma reação. A vida segue e você é um grão de areia (ou menos que isso) no universo.
A rua de casa vai ser a mesma rua, o bairro ou o churrasquinho da esquina. Aquela foto da Via Láctea com uma seta e a frase "você está aqui" em algum daqueles pontos brilhantes reflete bem isso.
Penso muito sobre as caminhadas. Não essas em prol de saúde. Pois saúde é a última coisa que busco. É muito mais fácil se destruir. Longas caminhadas.
Aquelas caminhadas pra economizar o dinheiro do ônibus, ou quando a possibilidade de caminhar pelo velho trilho de trem que corta aquele riacho faz todo o caminho ser mais interessante que qualquer conversa.
Caminhar até o túmulo de meu tio sempre que o coração aperta. Caminhar até o rio Branco quando preciso lembrar que a vida segue e que um dia preciso aprender a me perdoar. Um dia.
Caminhar sem preparo algum, com uma garrafa de tequila pela metade e o sol se pondo em nossas costas. Caminhar e empurrar a bicicleta junto de quem amamos. Fazer isso mil vezes. Caminhar todos os fins de semana até sua casa, fazer o caminho de coração aberto e confesso que às vezes a mente cheia demais. Caminhar pela trilha em Alto Alegre procurando aquele igarapé profundo onde nós duas íamos apenas molhar os pés por justamente não saber nadar. Nenhuma de nós duas.
Ir andando só pra almoçar junto. Ir andando porque o carro quebrou. Empurrar o carro que estava no prego. Andar de carro na velocidade de uma caminhada por causa de problemas técnicos. Te carregar nos meus ombros depois de uma tarde na escola. Apostar corrida pra ver quem abraça a mamãe primeiro.
Subir aquela serra com você. Subir a ladeira e ver o sol nascer ao chegar no topo, ao chegar na sua casa. Caminhar bêbada. Caminhar bêbada se apoiando ou sendo apoio.
Os primeiros passos.
Penso muito sobre caminhadas. A possibilidade de ir e voltar. A possibilidade de mais de um caminho. E mesmo sendo o mesmo caminho, cada caminhada será diferente. O sol, o céu, a terra e eu. Tudo muda aos pouquinhos. Num piscar de olhos ou em uma rotação completa.

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Terminal Alvorada


A vida segue um outro ritmo quando a gente se desliga de todas as cobranças acadêmicas. Mais uma vez paro no caminho para ver se é isso mesmo que quero, se é essa correria e competição sem fim. Se é essa busca por uma excelência que não passa de mediocridade repassada de geração em geração. Essa estabilidade que fica só no papel. Não existe estabilidade na cabeça, na alma (e por mais que eu negue, vivo procurando essa estabilidade). Mas o que importa é a casa, o carro, as viagens pra Europa, aquele monte de livro empoeirado dando um status de intelectual que só fuma maconha quando vai pra chácara nos feriados. Sinceramente já sonhei isso e hoje só me dá vontade de rir de tudo.
"O mercado é exigente, você tem que ter ensino superior, deixa de ser louca e termina logo isso."
Mas não é assim que a banda toca. Eu mandei a banda parar de tocar pra afinar os instrumentos.
Desde que entrei pra universidade bato o pé e levo tiro no peito por reclamar de temas batidos de monografia, dos artigos ridículos e copiados onde só se muda o título, dos debates que nunca foram debates, do comodismo dos alunos e dos professores, da falta de interesse em realmente ajudar a comunidade. Bato o pé e levo o tiro no peito por defender o que acredito e o que acho ser melhor, o que penso que pode ajudar a melhorar o ensino. Mas cansa, gente. Cansa e a gente fica doente. Cansa mais ainda quando a gente vai ficando sem apoio e foi assim que fiquei. O conselho que recebi foi de fazer qualquer coisa pra terminar logo. Bem assim. "A academia só quer saber se você sabe pesquisar, o tema do TCC não vai ser a pesquisa da sua vida". Olha, eu sei que não vai ser meu melhor trabalho, mas como querer continuar na pesquisa quando a única coisa que interessa é saber se você sabe seguir as regras da ABNT? Confesso que tentei aceitar isso de fazer qualquer coisa, mudar linha de pesquisa, esquecer senso crítico, repetir teoria que a meu ver já está derrubada faz tempo. Mas não deu. Não consigo ser como os 99% de alunos de Letras que a universidade forma todo ano sem senso crítico, que pagam para outras pessoas escreverem seus TCCs, artigos e que só querem o ensino superior pro próximo concurso do governo. Desculpa, mas não consigo. E foi uma coisa atrás da outra que cheguei a pensar que esse ano tá me obrigando a parar, pegar leve, repensar, escolher outros caminhos.
Dou aquela espreguiçada na rede, olho o céu azul, com nuvens aqui e ali. Olho pro Mia que anoitece comigo todos os dias. E a pesquisa? Pois é, taí.
Desconstruí a Literatura de um modo que ainda não consegui juntar as peças novamente. No começo deu uma agonia, fiquei sem saber o que fazer, o que falar. Escrevi um email gigante pra minha eterna orientadora e ela calmamente falou pra eu seguir meu tempo. Que eu iria me reorganizar e tudo iria se ajeitar. Ela passando por um momento difícil e ainda arranjou tempo para me fazer parar de correr sem rumo. Maravilhosa, dona C. Maravilhosa.
Estou tentando devagar essa reorganização. Depois da tempestade vem a calmaria, não é mesmo? Uns sonhos vão, outros logo chegam e tomam lugar. A vida segue sem alarde. O balanço da rede tentando acompanhar o compasso das nuvens, o meu respirar também.
A Literatura volta a ser um prazer e a Língua volta com toda sua ambiguidade de sabedoria e responsável pelos melhores prazeres terrenos.

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Teu capricho, meu despacho

Em toda essa tua ausência na mesa de bar
onde só a tristeza e saudade ocupam lugar,
Fiquei pensando em nossa prosa.
O tempo passava, a cerveja esquentava
e eu cada vez mais fria.
Mas tal frieza não me impede te de aconselhar:
 Deixa de ser frouxo e ama, rapaz!

Isso de amar pouquinho não rende.
Tu vê capricho onde eu só vejo despacho.
Essa dança de desencontros me dá agonia.
Onde já se viu amar assim, diacho?!
Eu um dia quis amar de pouquinho,
com medo de sujar os sapatos,
rasgar meu peito, doar coração.

Eis que certa amiga me disse:
— Ama como quem bebe vinho,
grandes goles pra refrescar,
a tontura envolvente, as palavras bobas,
roupas pelo chão.
No dia seguinte vem a ressaca
e a conta no balcão.




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Definição

Eu, toda prosa, li por aí
que tu queria ser poesia.
Ser correspondida em linhas rimadas.
A prosa corrida já não te contentava.
Com um sorriso de canto,
falei: — essa tá na minha lábia.

Mas não foi fácil como pensei.
Ismália louca mergulhou no mar
E eu não sabia nadar.
De longe observava
Seus estranhos casos,
rolos que eu torcia pelo azar.

Mas tenho meus truques:
Ofereci-me a te ensinar a voar.
Um risco alto, eu bem sei.
Porém cansei de enrolação.
Afinal, fostes bem clara:
"me pega de jeito ou larga logo a mão".


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