Que arte que nada!
Que vida que nada!
Nada de mais por hoje,
letras e litros não, não completam o meu espírito.
A arte debocha do artista
franzino,
branco, preto,
céu, amarelo, flor
A vida?
A vida é demais por hoje
perde-se
e
s
c
o
r
r
e
escapa
entre
l e r a
t s.
E o espírito? Não flui, não escapa.
passa, posto que é dor
Na vida já escassa.
Mas em que momento
o poeta está presente
entre a gente?
Ver o sol se esconder vale a pena?
Diz Gullar: percebes
o tempo passar, minha pequena?
E ela nada responde.
Calada continua a observar
a lua
que nasce
fazendo da noite dia.
De nada vale o poeta
ausente na ausência da ausência.
O que mata e o que morre.
Esconde-se no véu da Lua do teu Sol
laranja, rosa, amarelo,
margarida.
E a hora passa, não passam das seis.
Bonita-noite, ferina, morena.
A rima desmente o poeta
fingido,
amante, boêmio;
uma farsa.
A farsa do beijo da menina
em vestes claras.
Amena, desatenta, menina.
Menina! Eu não sei fazer poesia!
Confundo morena com a Garota de Ipanema,
e nem sempre penso nos suicídios.
Jogo a minha vida fora por um poema.
Entre cervejas, cigarros, Ana Cristina César
e morenas vadias.
Depois por acaso encontro a minha casa.
E mesmo posto a margem eu me saio bem.
Então saboto minha rotina,
e daquele que me nega a vida.
Num assalto a mão armada
ou na linha do pipa...
Eu me desfaço,
fácil dos seus laços
E arquiteto a minha casa
no terreno do acaso.
Construída com bitucas de cigarros
Lembranças de amigos passados
ecos de vidas pregressas.
Esquecemo-nos disso pois
em nome de nossos filhos
ou em nome de nossas falhas.
Pouco importa o motivo
as desculpas, as conversas
os risos, as flores, a lua.
Apesar de todos os outros
de todas as auras perdidas.
A vida segue perdida.
Bandida ou não.
A vida, menina.
Segue
Segue sem sentido e sem sentir
no compasso dos pés
pequenos
teus
de menina.
Por Ágda, Anderson e Jacque (em algum momento numa mesa de bar de 2011)
sobre o blog
Invento para mim muitas horas vagas e a maior parte delas fica arquivado aqui. Um pequeno registro de curiosidade, sêmica significa qualquer meio de transmitir o pensamento.
foto do painel: "... when time goes..."
''Eu me desfaço,
fácil dos seus laços
E arquiteto a minha casa
no terreno do acaso.''
♥
Preciso de uma dose e de alguns bons em minha volta, pra tambem fazer algo bom assim.
A VIDA é acaso, a rotina é descaso. E digo que descalça irei onde for tua casa para te oferecer um canto em minha VIDA, para tu rabiscar a rotina com letrinas miúdinhas.
Para quando eu seguir, não te deixar perdida sem a boêmia que te ofereceria todos os dias que o sempre morar em nossas VIDA.
Só poesia faz palavra dançar na fina linha entre tristeza e alegria.