Cartão Postal

Uma imensidão de verde se estendia a sua frente, o sol se escondia sob as nuvens e raros pássaros voavam ao longe.
"Este é um belo lugar para nossa casa. Em breve vamos decidir as cores. Já vejo seu sorriso, meu bem. Com amor, Roger."
- Vamos guardar esse postal? Está na hora do seu jantar, Eliza.
- Não, me deixe esperar mais um pouco. Roger já está chegando.
A enfermeira deu um suspiro. Todo fim de tarde aquela cena se repetia. Ela aguardava pacientemente ao lado da anciã até a noite se apossar de tudo.
Quando estava para insistir novamente ouviu um barulho de carro para em frente ao asilo. Eliza lentamente levantou-se e arrumava os escassos cabelos brancos amarelados em um coque desajeitado. Suas bochechas estavam rubras e sua respiração afobada. A enfermeira tentou impedi-la de chegar até a porta, mas foi em vão.
Ao chegar à porta, lá estavam dois velhinhos abraçados e várias fotos de uma casa no campo espalhadas no chão.
Por momentos, Janice - a enfermeira - não acreditava que tudo o que estava escrito no cartão postal era real. Ela generalizava com todos a sua desilusão amorosa. Mas ao ver que não havia tempo para esperar por um amor, deixou vários valores absurdos para trás.
- Eu pude ver seu coração todo esse tempo minha querida, mas ele estava tão despedaçado que eu não me arriscava a tentar juntar, tinha medo de deixar algumas partes se perder no nada. Mas agora vejo que és capaz de se ajustar.

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1 Response to Cartão Postal

  1. Amora says:

    Fazia tempo que não visitava suas palavras. Como tudo está diferente! Gostei!

    =)