Nascido nas matas de Mato Grosso
Caboclo criado com xibé de farinha
e muito leite de gado.
Pé no chão e banho no riacho.
Era bem assim o bisa Gui.
Tão cedo partiu da terra-mãe
Em busca de pão e água.
No meio do caminho
Virou soldado da borracha
e de balata em balata viveu.
A prosa se perde aqui
Não sei como bisa Gui viveu
Só sei que de muita onça ele correu.
Não que meu bisa seja covarde
O problema era a mocidade.
Pois apaixonado ele ficou
pela bisa Ercília se encantou
E disso Jurandir e Maria fincou.
Nessas terras laranjas feito fogo
Minha família cresceu.
Houve encontros e desencontros
Mortes e muitos nascimentos
Brigas e casamentos
Acrescentando à família:
maranhenses, potiguar, roraimenses e paraenses.
Bisa Gui adorava contar histórias
Sentava em sua cadeira
pedia um café e era só esperar,
O encanto das matas
que só ele sabia narrar.
Aos cem anos chegou.
Trisavô se tornou.
Bisa Gui sorridente
e muitas vezes resmungão
De uma queda, foi ao chão.
22 de Junho marca agora
sua partida de Roraima
para as terras Makunaíma.
Deixou muitas saudades
e histórias em nossa família.