Archive for novembro 2010

Entre Estrelas e Vagalumes

A nossa impotência diante de certos problemas, a nossa cegueira na escuridão que nos faz buscar soluções prontas, criadas para agasalhar nossa esperança de que há um caminho com setas e hospedagens. Mas não há caminho. Porque na verdade nós o criamos a cada segundo que passa.

Cada indivíduo deve arriscar a caminhada no
escuro, tropeçar, bater a cara no muro, se sujar na lama, ralar os joelhos, criar calos, sentir medo e também desfrutar os momentos de confiança, respirar a consciência aventureira da criança que tenta dar os primeiros passos, desgarrando-se dos braços firmes dos pais.
De que adianta imaginar como seria. A realidade nunca é como imaginamos. Cada um deve fazer a sua caminhada, única e singular. Criar seu caminho através das pedras e das flores. Das poças e chuvas à grama e sol. Encontrar em si as soluções. As respostas estão dentro de nós. Nossas próprias decisões são as respostas.
O silêncio, o diálogo consigo e o ato de interpelar-se, auscultar-se, interrogar-se, são os motores para essa descoberta. E é o que menos se faz hoje. O medo de ouvir-se e perceber que a própria voz pode ser contrária com as do que nos cercam. Esse medo natural, avisando que ficar seguro é o melhor a ser feito. Mas como se saberá o que se é melhor?
Bons exemplos devem ser seguidos e cada um sabe o que é melhor pra si. Agora o momento em que se descobre o que é melhor pra si, é quando olhamos pra trás. Esse é o momento em que vemos o caminho que trilhamos e analisamos os tropeços e acertos para poder continuar caminhando. Por isso não existe o "nunca olhar pra trás" Há de sempre se olhar para trás para poder não andar em círculos.
Fórmulas prontas são feitas para curas superficiais. A verdadeira resolução está na descoberta individual do seu próprio remédio. E esse só aparece quando paramos o tempo e simplesmente nos ouvimos.
Alguns amigos são como estrelas ou vagalumes. Às vezes os sentimos longe. Às vezes estão bem perto. Alguns brilham tanto que basta a sua presença para iluminar toda a nossa caminhada. Outros aparecem de quando em vez, despontam numa luzinha singela e nos mostram um ponto de chegada. Ambos surgem para ajudar-nos a enxergar o que ainda não podemos ver. Entretanto, nem estrelas nem vagalumes são capazes de mudar alguma coisa ou de construir um caminho.

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Faço férias das sensações

"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir."
Bernardo Soares/Pessoa

Mas ao escrever o que sinto crio o medo de concretizar tal sentimento, sendo que este já se torna concreto apenas através do ato de percorrer minha mente diversas vezes. E não escrever sobre o que sinto, faz de minha cabeça uma baderna. Uma guerra entre razão e emoção. Não exatamente uma guerra, porque se houvesse uma em minha cabeça provavelmente eu já teria tido um colapso ou algo do tipo.
Às vezes penso que não tenho razão, nem emoção. Talvez eu seja um poço muito profundo e quase sem fundo onde meus sentimentos ficam empilhados. Todos querendo alguma vez na vida chegar até a superfície.

"Faço férias das sensações"
Bernardo Soares/Pessoa

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