Archive for dezembro 2011

Sinos

Essas crianças,
minha amiga,
perdoe-as.
Não sabem o que fazem.

Deixai brincar
os pequeninos.
Fazei soar os sinos.
O sol nasce a
cada sorriso.




Poema feito dia 11/11/11 em parceria com meu amigo Anderson Absm.

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Tanto, tanto, tanto

Eu já devia saber que não seria igual ao que planejamos. E nós planejamos tanto, tanto, tanto. Ou eu sonhei demais acordada. Mas talvez o sentido disso tudo seja não fazer sentido algum. E talvez eu deveria seguir o conselho que sempre dou aos meus amigos. "Respire bem fundo. Sempre lembre de respirar". Parece bobagem, mas respirar já evitou muitas guerras.
E eu nem sei ao certo em que mês começamos isso. Março? Abril? Maio? Isso que você não me permite definir. Isso que você tem paciência em lidar e sempre manter nos eixos. Nos melhores eixos e encaixes. Ora cheios de ultrajes.
Acho que a cada dia que eu passo ao teu lado é um novo desafio. Ou não é desafio. É simplesmente nós.
Há um ano atrás uma amiga tirou as cartas do tarô pra mim. Foi uma experiência boa. Apesar de que naquele tempo eu era bastante cética em relação a praticamente tudo, mas uma temporada com essa amiga me fez repensar o conceito de muitas coisas. E o que me intriga é que... Não. Por que estou falando sobre isso mesmo? Não faz muito sentido falar sobre isso aqui. Talvez nem seja permitido em algum código interplanetário.
A noite tá muito quente. Abafada. Não consigo nem escolher uma bebida para aliviar o calor, pois penso somente em ti. Pelo menos o céu está estrelado, ou seriam vários helicópteros?
Apenas mais quatro meses. Sobreviveremos até lá? Será se não entrarei em crise de novo e resolverei te deixar? Te ignorar e falhar como das outras vezes? E ansiar por uma ligação tua, por um abraço, por beijos demorados? Ou pelas broncas pelo cigarro, por ficar sem dormir, por trabalhar demais? Mas eu sei que nunca levaria bronca por beber muito café. Talvez até levasse, mas por não ter dividido contigo.
Esse talvez seja o pior dos castigos: beber café sem ter você do lado. Sem ver as primeiras luzes do sol banhando teu rosto e te fazendo sorrir pra mim de olhos fechados. E mesmo sendo um castigo, eu sempre me ponho a imaginar assim que pego a xícara da asa quebrada.

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Feliz Ano Velho

Por um acaso ou não da vida, nossa música começou a tocar assim que chegamos à festa. Ou seria apenas a música que elegi como nossa. Talvez o fato de eu ter repetido ela mais de 15 vezes ao teu lado tenha tornado-a assim nossa música. Não sei como minhas manias ainda não tinha nos separado.
Esperei você me chamar pra dançar, mas o convite não veio. Fui direto para o bar e pedi logo um shot de tequila. Você fez cara feia. Mas afinal, quem era o mais errado?
Eu, obviamente. Eu sempre fora a mais errada. Sempre reclamava de mundos e fundos, e então você apenas respirava bem fundo e me abraçava. Muitas vezes eu buscava te irritar com bobagens apenas pra te ver respirar fundo e vir me abraçar. Às vezes ou sempre, eu me pegava questionando o porque de você continuar comigo. Não era apenas sexo. Isso a gente pode ter com qualquer um. Mas aonde que você achava o algo a mais em mim?
Continuei sentada perto do bar, alguns amigos vieram me cumprimentar e então olhei pra pista de dança. Lá estava você dançando com uma garotinha. Ambos desengonçados.
Sorri. Pedi outro shot.
Eu nunca me acostumei com você, com seu silêncio. Mas me acostumei com seus carinhos, suas piadas, seus filmes e sua péssima escolha de X-Men. E seus abraços. Eu não saberia viver sem eles. Eu não saberia viver sem você. Logo você, que sabia lidar tão bem comigo, me conhecia (sim) bem melhor do que eu mesma. Como eu poderia ter me acostumado a tal ponto de mudar hábitos da minha juventude? Era sempre engraçado lembrar como começamos a nos envolver verdadeiramente. Será que podemos provar que era verdadeiro? Pelo menos pra nós dois. Pelo menos pra nós.
- Amor?
E então você veio até mim pela milésima vez. Ignorando a minha infração nas bebidas, ignorando seu esquecimento da nossa música, sempre ignorando tudo. Preferindo estar sempre de bem e me comprando com seus abraços. Totalmente irresístiveis. Totalmente tentadores. Totalmente imprevisíveis.
E as três palavras que aguardavam silenciosamente para serem sussurradas no teu ouvido. As três palavras que sempre que você me abraçava eu as repetia mentalmente. Teimava em ser a primeira a falar. Buscava mil desculpas para atrasar o momento de dizê-las. Escrevia-te poemas e dentro deles escondia elas, sendo assim meu modo de sussurrá-las para ti.
Meu medo, tu sabes, era ao declarar algo, e então o mundo fazer de tudo para estragar. E nós dois estávamos tão bem em nosso silêncio. Em nosso segredo das três palavras.
As doze badaladas soaram. Todos se abraçaram, brindaram, ouvia-se os fogos de artifício e eu estava no aconchego do teu abraço:
- Feliz ano velho, amor.
- Feliz ano velho, meu amor.

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[Vídeo] Dia D' Drummond

Minha amiga Zanny fez um vídeo lindo com fotos e algunas gravações do Dia D' Drummond que organizei junto ao Coletivo Caimbé. Dá uma olhada!


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Convesa de Botas Batidas

Estávamos deitadas na sua cama. Escondidas sob o lençol. Não sabíamos se era dia, tarde, noite ou cedo demais para pensar nisso. Mas nos escondíamos do mundo ali debaixo do teu lençol florido. E ao abraçar-te e sentir teu perfume, fazía-me esquecer de todo o resto.
Distribuí beijos por teu rosto, talvez numa tentativa de depositar meu amor e te fazer senti-lo mesmo na minha ausência.
- Preciso tanto de ti, meu bem.
Falei por fim, aliviando um pouco meu fardo. Meu medo - ja constante - em não declarar o que sinto sempre me atrasava, me fazia perder bons momentos, quase que me fazia perder-te. Mas desde que recebi o conselho de uma amiga para fazer do amor como quem bebe vinho para se aquecer e relaxar (e outros benefícios mais que o vinho em si trás), e desde que te conheci - o mais profundo possível -, tenho feito de meu amor por ti vinho. Um raro e divino vinho. Embriago-me nele toda vez que estou contigo.
- Morena, não sei como você consegue ser como é. Encaixa tão bem. Tão encantadora...
E a cada palavra você prendia minhas mãos nas suas. Eu não conseguia desviar meus olhos dos seus. Tão doces e sedutores. Ora tristes, ora cheio de amores. Ora somente teus.
- Acho que estou me apegando demais em você... Não sei se é bom ou ruim.
Fechei meus olhos. Concentrei-me apenas no teu perfume, no teu corpo junto ao meu, no calor que produzíamos. Você sentia o mesmo temor que eu. Talvez o certo seja apenas dúvida. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, você enxugou com sua mão.
- Só não esquece de uma coisa: Amo você mais do que chá com bolo.
Eu não esqueceria. Nem mil vidas seriam capazes de apagar aquele momento. Eu buscaria condensá-lo de algum modo, o reproduziria de mil formas e cores na minha mente.
- Amo você mais que queijo.
A luz apagou.
Eu estava novamente no balcão do bar, acendendo o último cigarro do maço, bebendo a última dose de vodca que podia pagar. Sua presença continuava tão forte mesmo depois de anos sem vê-la. E a sensação de nunca pertencer e ao mesmo tempo pertencer, sempre prevalecia.

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Feliz Natal, J.

O sol nascia, mas mal o víamos. O céu nublado e a neblina solta na rua. Voltávamos de mais uma sexta-feira no Conjunto João XXIII. Eu já nem lembrava o que tínhamos feito exatamente ou cronologicamente durante a noite toda. Estava cansada e concentrava-me apenas no caminho da tua casa. Ainda havia uma ladeira enorme pela frente. Bricávamos de quem andava em linha reta, contávamos segredos, piadas, lapsos da noite passada e eu subia a ladeira de costas.
Você já estava acostumada com a subida, sabia de detalhes da rua que só com o tempo a gente percebe. Eu me acostumaria e sentiria falta dela nos meses seguintes; procuraria qualquer ladeira íngrime na minha cidade somente para subi-la e enganar-me por uns segundos achando estar indo pra tua casa.
Eu subia a ladeira de costas somente para olhar-te e ver os primeiros raios de sol iluminando teu rosto, dando um tom diferente aos teus olhos.
Nunca mais subi ladeiras de costas. Eu não tenho quem admirar e ninguém caminha comigo pelas ladeiras em troca de uma boa conversa.
Dias desses fez um ano que não te vejo e nem vejo aquele teu piscar de olhos ao pedir algo que me fazem rir. Suas tiradas sarcásticas, seus dramas, sua gargalhada, seus olhinhos fechados ao sorrir, seu jeito concentrado ao assistir algo que gosta muito, sua mania por talheres iguais, seus raros abraços...
Hoje subi mais uma ladeira, o sol nascia, a neblina ja desaparecia e eu sorria ao lembrar de ti.
Feliz Natal, J. Amo-te.

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Prosa com o Chesco

- Vou pra casa assistir Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.
- Esse filme é um dos mais lindos que assisti... É de uma simplicidade gritante, e o argumento então... É bonito e triste.
- Eu sou bonita e triste. 'Cabou a história.
- Outras porque você é linda e exala vida. Eis o início da história.
- Mas como pode uma pessoa triste exalar vida, meu amigo? Sou uma flor murcha, sem cor nem perfume. Perdida dentro de algum livro.
- Você não é uma pessoa triste. Você é um daqueles tipos de Prometeu Acorrentado raros que encontramos nesta vida.
- É uma boa definição. Mas a ave ao invés de comer meu fígado, come meu coração. O fígado, quem destrói é a bebida. haha
- Realmente estamos conectados, pois meio que minha lógica traçou um caminho próximo ao seu. Eu nem fígado tenho mais ha ha
- Lembra da história? Só o fígado se restitui. O coração não entrou no acordo com os Titãs haha
- O coração nunca está de acordo... Eita negocim complicadim...

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Indiretas

Jogo de indiretas e sem
meta ou métrica alguma.
O meu tempo passa,
passa mais rápido que dos outros.
E tu não percebes que
foi-se deixando para trás?
Teu erro foi acomodar-se.
Calar-se.
A bem da verdade,
teu erro foi tentar continuar comigo.
Contentar-se.
Vedastes teus olhos
para o verdadeiro inimigo.

De nada vale as indiretas, meu bem.
Ninguém consegue conviver comigo.
Pra quê otimismo?
Jogo falho, mas divertido.
E não te digo:
"Vem! Reconquista-me!"
Sei que tu não o farás.
E se o fizer, nada adiantará.
Ou um ciclo tedioso será nosso vinculo.
Mostra-me outro caminho, Lino.

Pensei gostar da tua indefinição.
E gostei.
Era novidade, quis aprender, provar
Te provar.
Mas a novidade passou
e você ficou sentado no sofá assistindo o Juventus ganhar.
Que diabus de vida é essa?
Mais regressa e eu com tanta pressa de viver.
Sou mulher, homem, bicho, mutante.
A verdade te arremessa
contra o espelho que me mostra.
Fico nua
e todos os meus defeitos estão expostos.
Ainda assim tu continuas calado
cego, indecifrável.
É uma crise e uma falta de crase.
Não consigo viver de poucas frases.

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Benção de Baco

Noite clara, vida cheia.
Amigos relapsos conseguem ser - e se fazer - presentes.
Memórias e risos juntos,
repletos de significados.

Amor, paixão, tudo se mistura.
Música, calma, vinho,
vida de leveza,
beleza do vulgar

Pensamentos de amor,
fazemos tudo sem qualquer pudor.
Bebíamos a sorte em cor vinho.
Uma total distribuição de carinho.

Ebriedade, poesia
enquanto o mundo gira em nós
e eu parado em mim.
E nessa taça, um infinito mundo.

Por Ágda Santos e Daniel Lira

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