Archive for março 2014

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Foto por Edward Chan

Esses dias que antecedem
um ex-fim de mundo
me deixam muda
e me jogam no fundo
de meu próprio poço de memórias.

Dormindo, acordada, sedada,
chapada, bêbada ou equilibrista...
Minha mente não para.
Cria, re-cria e destrói.
Não sobra nada.

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Yeux

Breakfast at Blockbuster por Juliana Cimeno

Não sei o que anda
acontecendo com a visão alheia.
Enxergam certa mulher em mim
Dessas de se admirar na lua cheia,
levar flores no trabalho
e querer ser servo dela a vida inteira.

Enxergo apenas aquilo que sou
E muitas vezes não enxergo nada.
Nem minha própria altura,
como Fernando disse uma vez.
Eu não enxergo nada
E não sonho nada, Fernando.

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Agora eu era Harrison Ford e meu cachorro só falava inglês



Por esses dias cometi o erro de dizer que Drogo é o meu primeiro cachorro. Na verdade, até onde me lembro, Luke foi meu primeiro cachorro.
Lembro que acompanhei meus avós num passeio e no meio disso eles resolveram visitar uma velha amiga da minha avó. Acho que estávamos em uma cidade chamada Caracaraí. Cidade onde minha avó nascera e crescera na época em que Roraima fazia parte do território do Amazonas. Até hoje ela tem orgulho de lembrar isso.
Enquanto minha avó matava a saudade da tal amiga que não lembro nome, muito menos feição, eu estava andando ao redor da casa. Nos meados dos anos 90 poucas casas tinham cercas ou muros. O calor sempre presente e naquela rua não havia muita coisa a ser explorada. A cidade era uma vila, por assim dizer. Decidi fazer guarda para o carro do vovô. Naquele tempo os filmes de Indiana Jones faziam minha cabeça. Hoje em dia ainda há muita referência em minha vida, assim como StarWars. Lucas é um cara que faz parte de minha vida. Mesmo com StarWars sendo da Disney agora. Mas naquele tempo Harrison Ford era meu herói. Cheguei a ter um colete igual o dele, cheio de bolsos. Era uma maravilha. 


E bom, como todo guarda precisa de um inimigo, foi aí que me apareceu o Luke. Um vira-lata pulguento e cheio de carrapato. Peguei um pano velho e comecei a brincar, digo, lutar contra ele. Luke até o momento não se chamava Luke. Ele era apenas o bandido e eu era Harrison Ford, digo, era o Indy. Brincamos tanto, digo, brigamos tanto que até esqueci a hora do lanche. Vovó e vovô já estavam de volta e prontos para ir embora. Acho que eles passaram algum tempo me olhando brincar com o Luke.
Sinceramente eu nunca fui de muitos amigos, sempre fui de muitos livros. Isso talvez tenha surpreendido eles. Perguntei se poderia levar o pulguento pra casa e vovó deixou a decisão final com o vovô, afinal, o carro era dele. Vovô falou que eu deveria manter o pulguento limpo e que deveria dar um nome.
Não tive dúvida em chamá-lo de Luke. Tinha lido esse nome num livro sobre histórias de vampiros e achara o personagem fascinante. Ele era uma espécie de príncipe de um clã de vampiros muito importante.

Luke foi um parceiro muito barulhento. Eu não sabia que cuidar de cachorro era mais difícil que irmão caçula. Afinal, irmão caçula você coloca pra ver TV e ele fica lá. Luke era uma mistura de poodle com vários outros super cachorros. Sua bagunça era proporcional aos seus pêlos: MUITA! Ele não chegou a ficar velhinho ao meu lado, acabou tendo alguma infecção e eu como criança não conseguia entender. Na minha cabecinha daquele tempo, cachorros nunca ficavam doentes. 

Depois de Luke eu passei um longo tempo sem ter animais. Daí veio o Zumba, um gato preto que mais fugia do que ficava comigo. Eu não me importava. Então em Setembro de 2012 fui adotada pelo Drogo, meu Khal. Bem assim mesmo. Ele que me adotou. Drogo tem sido um parceiro pra muitas caminhadas, corridas e pulos de cangurus. Não posso esquecer do Tigre, cachorro adotado por toda a família depois de ser abandonado na frente de nossa casa. Um cachorro que se chama Tigre, tem rabo de raposa e aprendeu a pular feito canguru com o Drogo.
Mas uma coisa não posso negar, meus bichos de estimação sempre tem nome de reis ou príncipes.

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