Pessoana


Quando não sei o que sinto
sei que o que sinto é o que sou.
Só o que não meço não minto.
(...)
De ponto a ponto rabisco
o mapa de onde não vou,
(...)
penetrável labirinto
em cujo centro não estou
mas apenas me pressinto
mero signo, simples mito.


“Pessoana” - Paulo Henriques Britto -

É uma vontade de não sei o quê. Um vazio que nunca preenche. Indecisão onde não há nada o que decidir. E não, isso não é paixão. É falta de ocupação. Falta de coração. Falta de humilhação e chega de palavras com ‘ão’, porque já disse: “Não fui feita pra rimar”. E talvez nem pra amar.

Sou feita de saudade e vivo de dramas. Até aqueles que não me pertencem. Sou uma mistura de lealdade e desconfiança de um modo até aterrador. Contrariar é uma arte. Raras às vezes consigo ser objetiva. E ainda assim odeio prolixidade.

Sou um mosaico de sentimentos. Dores, sabores, amores. Tentar entender-me chega a ser um tormento. Melhor é ir vivendo e vendo. Porque estar ao meu lado não é garantia de companhia. Sempre estarei aonde nunca vou estar. Sempre vou fingir que estarei a sonhar.

Não sou ciclo, e nem gosto disso. Não estou perdida, mas sinto estou me perdendo pra algo, nunca pra alguém... Ou por alguém. E sempre, sempre posso duvidar de algo. Porque exatidão é um padrão que não me convém.

E eu sempre fico com essas rimas na mão, depois de ler os poemas do Rafael que entram no coração. Eu não tenho coração, já disse isso?
Devo ter um buraco negro, que sempre me puxa, sempre dá umas pontadas fortes como se estivesse me puxando de fora pra dentro. É uma agonia. Algo esquisito e doloroso isso.

Detesto rimas. Elas grudam em mim. Mas só aquelas rimas pobres. E então fico lutando contra elas. E fico lutando contra meus pensamentos. Ou seriam sentimentos?

Deve ser coisa de momento. Chega de tormento. Chega de sentimento!

Na verdade, ser assim é algo indefinido. Ou pelo é algo que não se define em poucas páginas. Devo ser apenas um mosaico de sentimentos, só isso. Não é coisa de momento.

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4 Responses to Pessoana

  1. Pessoinha, você é uma mulher árdua escrita. Um mito, um relato de quem sentir-se ser é sentir-se só. Apenas.

  2. (6) capreta says:

    Depois você pergunta pq tenho vergonha de comentar! Olha o nível do comentário a cima! rs
    Repetiu demais que não sabe amar, que não sabe la la la! O que é isso? Bad romance? Heartbreak ?

  3. Isto é pura admiração, Capreta. Cê que tá em Campinas bem que podia dar um pulinho em Holambra e comprar umas flores bem bonitas pra Ágda, que ela merece, né não?

  4. Anônimo says:

    Perche non:)