Tabuleiro Linguístico

Vozes, sussurros. Vozes, murmúrios. Vozes, burbúrios. Vozes, lamentações.
Ou o grito?
Clemência.
Liberdade.
Intolerância.
Sagacidade.
Inocência?
Um turbilhão de vozes ecoa dia após dia e mesmo assim continuam mudos.
Já faz tempo em que se viam pessoas com objetivos marcados no peito e seus olhos flamejavam vida.
Já faz tempo em que não se vê vida nos olhos de ninguém.
Jamais vi uma geração mais acomodada do que essa a qual faço parte. Ninguém sabe o que é um partido de esquerda, de direita. Mal sabem o que foi a Proclamação da Republica que não teve nada de público. Saber sobre política hoje é caretice. Ler jornal só na véspera do vestibular, ou na sala de espera do dentista – e olhe lá!
Hoje em dia tudo e todos têm que se enquadrar em algo. Pertencer a algo, a alguém.
Ter time, beber cerveja, ser crente, ser ateu, gostar de algo, ser alguém. Tem que ser algo, ser indeciso é doença. Quando no fundo é o que todos são.
Nos olhos de alguns ainda flameja a velha chama ao lembrar de algo, a vida já esteve nos olhos deles. “Diretas Já”, “Caras Pintadas” e tantos outros movimentos juvenis não foram algazarras em busca de atenção. Mudaram o país. Houve uma diferença. Houve gritos de vida!
Sempre se terá vida enquanto houver sonhos impossíveis e a alma jovial pronta a lutar por seus ideais.
Ideais.
Objetivos.
Sonhos reais.
E sorrisos.
Aos poucos vamos tomando consciência de que realmente somos o futuro desse país. Aos poucos, ao menos isso.
O rodízio de pizza está se esgotando, os garçons estão indo e pouco a pouco a chama viva brilha novamente nos olhos.
Pouco a pouco cada um participa da história tomando as rédeas desse prematuro país em busca de humanidade. Basta levantar do sofá e ver no que o mundo está se transformando. Ou no que estamos deixando esse mundo se tornar.
Vamos lá, é hora de sonhar.

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1 Response to Tabuleiro Linguístico

  1. S.P/R.M says:

    Sabia que esse texto tava na mesa do @jessesouza semana passada?
    Gostei do jogo de palavras. Mas você não serve como incetivadora hahahahaha
    Na boa, prefiro seus textos deprimentes. Eles me fazem criar vergonha na cara.