A Moça em Cetim

A gente - pelo menos quem ama verdadeiramente - tenta de algum modo eternizar a memória de quem amamos em algo, em alguém. Mas em alguém chega a ser uma traição. E só o que sei fazer são versos e é neles que tento guardar a memória de uma amiga que perto ou longe cuida de mim todos os dias. De modo único, ela se faz necessária nos meus dias. E os que passam sem uma palavra dela, são vazios, sem a plena graça da vida, do humor, da poesia. E é na poesia que tento esconder pedaços da Ju Cimeno. Porque somente eu e ela saberemos que aqueles versos tem o brilho de seus olhos, seu sorriso, sua voz... É através dos versos que quero mostrar meu amor por ti, J.



No trepidar das pedrinhas
sob o solado dos teus pés,
mil momentos se prendem
em loucos brados fiéis.
A moça em cetim passa
os olhos ameaçam
os dentes cerram-se
e a moça em céu passa.

Campos vastos pelo mundo
afastam-te de mim.
Tornam-me um moribundo,
servo de Afrodite, fraco e cego.

Tão fraco e seco, pobre de mim,
que inventos de carne e de cetim
lembrando-me que sim, sim, sim,
sim, sim, sim!
A vida assim
não tem sentido pra mim
se a moça que guarda na sua bolsa
os meus batimentos cardíacos
não me passa nem me passará
pelo gosto do seu vivo uivo maltido.

E assim, assim, assim
o cetim passa, a moça passa,
o céu passa, o sangue cessa.
Seca a máscara no rosto
as entranhas, artérias, veias, teias, seca
Racha.
Acaba.


Agradecimentos a Jacque e Anderson pela companhia nos versos e nas cervejas que ja nem lembramos mais.

This entry was posted in . Bookmark the permalink.

1 Response to A Moça em Cetim

  1. Até maio, Abgail:)